Mulher sorridente com cabelos ondulados segurando pacote de café no banheiro — sugestão visual de que passar café no couro cabeludo traz resultado.

Passar café no couro cabeludo melhora a queda e faz o cabelo crescer?

Passar café no couro cabeludo virou mais uma daquelas ideias que se espalham rápido. Vídeos, posts, reels… todo mundo parece ter uma receita com café que “faz o cabelo crescer” ou “para a queda”.

Aí você se pergunta: será que funciona mesmo? Dá resultado aplicar café direto na raiz? Ou estamos só repetindo uma mistura caseira que parece milagrosa, mas não tem base científica?

Vamos juntas descobrir o que é verdade e o que é mito quando o assunto é café, ou melhor, passar o famoso pó de café no couro cabeludo.

 

Por que virou moda passar café no couro cabeludo?

A internet adora uma promessa simples e milagrosa. Se alguém diz que o café tem cafeína, e que a cafeína estimula a circulação, pronto: já vira uma “solução natural” para queda e crescimento capilar.

O problema é que muita gente confunde as coisas. O que os estudos analisam é a cafeína isolada, em fórmulas específicas, com concentração e veículo adequados para penetrar no couro cabeludo. Não é o pó de café usado na cozinha, nem o café coado da garrafa térmica.

Ainda assim, não faltam vídeos ensinando passar borra de café como se fosse tratamento. Parece algo inofensivo, mas nem sempre é, principalmente para quem já tem sensibilidade ou alguma condição inflamatória no couro cabeludo.

 

O que a ciência realmente sabe sobre a cafeína no cabelo?

A cafeína não é só um estimulante pra te manter acordada. Alguns estudos, mostram que a cafeína estimula a circulação no couro cabeludo, prolonga a fase anágena (a fase de crescimento do fio) e até pode inibir parcialmente a ação da enzima 5-alfa-redutase, que está ligada à alopecia androgenética.

Mas isso só acontece quando a cafeína é usada de forma isolada, em veículos que permitam sua penetração, como loções, tônicos ou shampoos formulados especificamente pra isso. E mesmo nesses casos, os resultados são sutis, variam muito de pessoa para pessoa e do estágio de avanço da condição capilar, como no caso da alopecia androgenética.

Como eu sempre explico: só nasce cabelo se a “fábrica” estiver em funcionamento e com “funcionários” ativos. A cafeína não vai fazer nascer fio onde o folículo já não está mais ativo.

 

Então não devo passar café ou a borra no couro cabeludo?

Essa parte é importante: o que funciona nos estudos não é o pó de café e muito menos a borra. É a molécula da cafeína, isolada, em veículo apropriado, com tempo de contato suficiente para penetrar no couro cabeludo. Só que na internet, o que se espalha é justamente o uso da borra ou do café coado, como se fosse a mesma coisa,  e não é.

A borra de café, por exemplo, pode sim ser usada como esfoliante corporal, inclusive já publiquei aqui no blog uma receita de esfoliante corporal com borra de café que funciona super bem. Mas no couro cabeludo, o uso não é tão simples assim. Envolve fatores como as condições da pele do couro cabeludo, que podem estar contribuindo para a queda, como dermatites, inflamações ou descamação.

E como saber se tem algo errado com o seu couro cabeludo, sem uma boa avaliação?
Usar qualquer produto sem uma avaliação correta das condições do couro cabeludo pode até piorar a queda.
Como ouvi de um professor na faculdade, e nunca mais esqueci:
“Por quê, pra quê e quando.”
Essa tríade vale pra tudo. Porque até o produto certo, no momento errado, pode estragar todo resultado.

 

Quando usar cafeína no couro cabeludo pode valer a pena?

A cafeína pode sim ter um papel interessante em alguns tratamentos, desde que esteja na forma certa, com a concentração adequada e dentro de uma rotina coerente com o seu tipo de queda.

Ela pode ser encontrada em tônicos, loções e até em shampoos com tecnologia cosmética avançada. Mas se você me perguntar: qual devo usar? A resposta é simples, use os dois.

Hoje em dia, muitos shampoos já contam com cafeína e tecnologias que permitem a entrega de ativos durante a lavagem. Passar café no couro cabeludo pode parecer mais acessível, mas não tem o mesmo efeito. O shampoo com cafeína é o início de tudo: limpa, prepara o couro cabeludo e deixa a pele mais receptiva à ação do tônico. E é justamente o tônico que faz a diferença, por ficar mais tempo em contato com o couro cabeludo e potencializar os resultados.

Usar os dois produtos em conjunto, cada um com sua função, é o que realmente faz a  diferença.

A cafeína pode contribuir nos casos de eflúvio telógeno ou como coadjuvante nos estágios iniciais da alopecia androgenética, desde que o folículo ainda esteja ativo. E, claro, o uso deve ser contínuo por um tempo mínimo de 90 dias, com reaplicações regulares, para que os resultados possam ser observados.

Sozinha, a cafeína não faz milagre. Mas quando usada com estratégia, constância e produtos bem formulados, ela pode sim somar, e muito.

 

Conclusão

Passar café no couro cabeludo pode parecer uma solução simples, mas o que funciona mesmo é a cafeína isolada, em formulações bem pensadas e dentro de um cuidado consistente.

Não é o pó de café da cozinha que vai estimular o crescimento ou frear a queda. E dependendo do caso, usar sem critério pode até piorar. Principalmente se o couro cabeludo estiver sensível, inflamado ou com alguma condição não diagnosticada.

Já a borra de café, pode sim ser útil, mas no corpo!
Inclusive, já publiquei aqui no blog uma receita de esfoliante corporal com borra de café que funciona super bem.

Quer saber mais sobre a alopecia androgenética?
Não deixe de ler este artigo.

 

Angela Heringer, esteticista, pós-graduada em tricologia, práticas integrativas e complementares em saúde e em aromaterapia.

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